Coco Antes de Chanel

Publicada em 03/11/2009 às 14:16

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Coco Chanel é para a moda o que Marx é para o comunismo ou Pelé é para o futebol, mesmo assim pouco ouvi falar sobre a criadora do perfume  “Chanel n° 5”. E se você assim como eu não entende nada de moda é que o filme Coco Antes de Chanel (Coco Avant Chanel, 2009) deve agradar. Já quem conhece a história da estilista e conhece sua vida polêmica e sabe o que ela representou para o mundo da moda no início do século, não será um filme tão marcante.

Até porque como já diz o nome, o filme precede os anos em que a estilista entrou definitivamente no mercado da moda e acumulou fortuna não só com roupas, mas também com cosméticos, chapéus e acima de tudo uma nova atitude para as mulheres do século XX.  

O filme é dirigido pela diretora (ainda desconhecida por mim) Anne Fontaine, que retratou sua biografia de forma bem didática, querendo ser o mais clara possível ao retratar a vida de uma menina que vive em um orfanato e vai se especializando no mundo da costura, passando pela fase em cantava em bordeis e por seus relacionamentos amorosos com poderosos aristocratas franceses até sua consagração. Eis que exatamente no momento em que começa a ascensão de Coco é que o filme acaba.

O filme me fez lembrar Maria Antonieta da diretora Sofia Coppola, filme que precede a revolução francesa e que acaba exatamente no momento em que o "circo pega fogo". Coco antes de Chanel acaba deixando de fora as grande polêmicas da vida da estilista, como sua  colaboração com o terceiro Reich, sua prisão e fuga após o termino da segunda grande guerra (alguns autores atribuem sua rápida libertação às relações com o duque de Westminster, amigo pessoal de Winston Churchil) e seu exílio na Suíça.  Obviamente quem vai ao cinema e já conhece as criações de Coco Chanel também espera ver durante a projeção os trajes casuais, brim, combinações de trajes femininos inspirados em trajes masculinos, entre outras criações, vai se decepcionar bastante com o filme, pois ele é bem “econômico” ao mostrar as obras da estilista.

Tecnicamente o filme é muito bem feitinho, mas sem nenhuma grande inovação estética, lembra bastante um filme para TV. Audrey Tautou, a queridinha do cinema francês e eterna Amélie Poulain,  incorpora sem excessos  a personagem principal, caracterizada por seu ar sempre sério, seu chapéu coco e seu cigarrinho caído no canto da boca. Mas o que realmente me chamou a atenção foi o figurino, ironicamente não os que representam as criações de Coco mas os que retratam a época que ela modificou. Os belíssimos chapéus e vestidos com seus espartilhos bem apertados, assim como toda a roupa masculina, em um trabalho de grande qualidade.

O filme não deixa a desejar a nenhuma biografia politicamente correta das que normalmente chegam aos nossos cinemas,  se não é um grande filme, vale a pena para conhecer um pouco do embrião que se transformou em uma das mulheres mais importantes do século passado. O filme poderia ter seguido os passos de uma outra adaptação francesa que  recentemente rendeu o Oscar de melhor atriz para Marion Cotillard: Piaf – um Hino ao Amor, filme que se contrapõe a mesmice das biografias que lembram bastante as histórias contadas pela vovó. Fica agora a expectativa para o outro filme sobre a estilista também lançado em 2009: Coco Chanel & Igor Stravinsky e que mostra a fase posterior ao filme de Anne Fontaine.

Saiba mais sobre o filme Coco Antes de Chanel.

Por Bruno Marques   ([email protected])

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