Confissões de Uma Garota de Programa

Publicada em 19/11/2009 às 16:27

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Confissões de Uma Garota de Programa
é um viagem misteriosa que analisa a cultura do amor, transformado como um simples objeto que o dinheiro pode facilmente controlar. No início, um descontraído bate papo sobre acontecimentos do cotidiano entre um homem e uma mulher - "o que você achou do filme O Equilibrista? pergunta ele - nos faz acreditar que são simples amantes jantando depois de um passeio no cinema. Mas não, na verdade ela é Chelsea (o pseudônimo da Bela Cristine), uma garota de programa que oferece companheirismo e conversa, relegando às vezes o sexo a um ato secundário, como se fosse realmente a namorada sugerida no título original do filme, The Girlfriend Experience.

Ambientado em Nova York, na época das eleições presidenciais norte-americanas de 2008, há um clima de apreensão no ar sobre o destino que a economia do país - e por sua vez a mundial - irá tomar. Nesse universo, há outro paralelo, este manipulado por dinheiro e status, no qual a prostituta de luxo reforça o seu poder não apenas por ser um objeto sexual. Um programa com Chelsea custa US$ 2 mil, até porque seus clientes são homens ricos de todas as origens e idades, que desejam passar algumas horas - e até finais de semana - com a sua companhia, seja numa limousine, num restaurante caro ou num requintado hotel. Ela aproveita para dar conselhos sobre assuntos variados - investimentos, política - e o que os homens dão em troca? Além de sentimentos, mostram a sua verdadeira face, como se subliminarmente dissessem: Eu sou um cara legal, me ouça e finja que gosta de mim! Em outro momento, durante uma entrevista que dá a um jornalista que está escrevendo uma história sobre prostituição, a protagonista entrega o jogo de como funciona o seu negócio: "Se eles quisessem que eu fosse realmente quem sou jamais me pagariam..."

Chelsea também tem os seus problemas e entre eles está o de compartilhar a rotina e a vida amorosa com o seu namorado Chris, um personal trainer que finge não ficar incomodado com a profissão de sua parceira e que também dá alguns conselhos aos frequentadores da academia. Por mais que ela esboce um carinho por ele, alguns temas são evitados e a sensação que se tem é de um relacionamento frio, aparentando usar as mesmas estratégias e artimanhas que ela usa nos seus programas. Há também o lado irônico quando negocia alguns elogios com um crítico de um blog.

Algumas coisas tornam o filme fascinante: a sensação de se estar assistindo um documentário e a boa escolha que o cineasta Steven Soderbergh fez para o papel principal, a estrela pornô Sasha Grey, que não apenas criou uma intrigante garota atraente com um olhar calculista e maduro, mas também uma "amiga" hábil nas suas respostas, que encarna diferentes personagens para seus clientes, que desejam se sentirem homens. Ah, não há sexo explícito e nem tampouco algo que lembre a reprodução do ato.

Saiba mais sobre o filme "Confissões de Uma Garota de Programa".

Por Jean Garnier

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