Quando um produto não é bom, basta colocar um título pomposo, estender o conceito para uma trilogia e inserir em cada livro um subtítulo extravagante que insinue alguma complexidade. Uma máxima da publicidade que está se tornando lugar comum no gênero infanto-juvenil da indústria americana. “Sagas” com tramas rasas que poderiam ser resumidas em um curta-metragem, protagonistas inexpressivos de competência limitada e pôsteres sem nenhuma originalidade e que nos remetem às capas daqueles livros de romance que vendiam nas bancas de jornal.
O projeto não esconde se tratar de uma tentativa desesperada dos produtores em lucrar com uma franquia, roubando de praticamente todos os sucessos recentes no gênero. Existe um pouco de “
O Código Da Vinci”, muito de “
Harry Potter” (a autora Cassandra Clare escrevia fanfics baseados no personagem), algo de “
Stargate”, uma pitada de “
Blade” e a ingenuidade tola de “
Crepúsculo”, amalgamando sem criatividade vampiros, demônios, lobisomens e bruxas. Os efeitos em CGI são no limite do aceitável, com alguns monstros que parecem saídos de filmes B dos anos 90. O romance é de comercial de margarina, com direito a cenas e diálogos que causam riso involuntário. Aquele tipo de produto que é feito pensando apenas nas jovens leitoras que já conhecem a trama e que buscam apenas “ler” o livro com gravuras em movimento e som. Com certeza a atuação é melhor na imaginação delas, mas provavelmente não irão notar.
O diretor
Harald Zwart não consegue equilibrar a ação e a (pouca) emoção, tornando tudo muito episódico, como se duas equipes distintas (ambas incompetentes) estivessem responsáveis pelo mesmo filme. Quando ocorre alguma tentativa de humor, a inconsistência se mostra mais aparente (percebam a vergonhosa cena que insere o genial compositor Bach nesta bagunça). Difícil extrair humor de robôs. A novata roteirista
Jessica Postigo faz um resumo do livro, sem se preocupar em adaptá-lo para grande parte do público que não conhece a obra. Triste ver uma jovem com o potencial de
Lily Collins (Clary) perder tempo com material tão genérico.